Ler é viajar sem sair do lugar. A literatura, mesmo que ficcional, sempre nos ensina alguma coisa sobre o mundo e sobre nós mesmos. Como leitores que somos fizemos nossa própria lista de títulos favoritos. Eis o nosso top 5 entre clássicos e contemporâneos da literatura brasileira. Anota aí!
1. O Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa (1956)
O livro “Grande Sertão: Veredas” escrito em 1956 por João Guimarães Rosa, é considerado um marco na literatura brasileira. O romance, protagonizado pelo ex-jagunço Riobaldo, narra em primeira pessoa, conflitos internos e externos da vida no sertão.
Amores, medos e guerras que resultaram 600 páginas de uma narrativa corrida, sem divisão por capítulos. É um romance experimental modernista que mistura elementos linguísticos da primeira fase do modernismo e o regionalismo da segunda fase. A incorporação da linguagem sertaneja é um dos diferenciais do livro, que foi traduzido para o inglês e para o alemão.
A obra intercala entre as paixões e vivências do protagonista e seus devaneios filosóficos existenciais. Se você ainda não leu, corre para a biblioteca mais próxima e comece hoje mesmo!
2. Macunaíma – Mário de andrade (1928)
Macunaíma é uma narrativa mítica que não segue lógicas realistas. O livro escrito por Mário de Andrade, conta a história do jovem Macunaíma, retratado como “um herói mal caráter”.
Macunaíma nasceu na Amazônia e desde criança tinha a preguiça como sua principal característica. Vivia pelos matos aprontando suas traquinagens com quem cruzasse seu caminho, e por isso, foi abandonado pela própria mãe.
A história se desenrola com as aventuras sexuais, espirituais e batalhas entre o herói, monstros e deuses Brasil a fora. Macunaíma percorre diversas cidades brasileiras e a américa Latina em busca da Muiraquitã, um amuleto mágico que ganhou de seu grande amor, Ci, a mãe do mato, e perdeu em uma batalha com o monstro Capei.
Com Macunaíma, o autor tentou retratar as origens e características da cultura e do povo brasileiro. É considerada uma das obras primas de Mário de Andrade, elogiada pela experimentação linguística que traz a miscigenação dos modos de fala de todo o Brasil. Foi traduzida para várias línguas e adaptado para o cinema, quadrinhos e teatro.
3. Memórias póstumas de Brás Cubas – de Machado de Assis (1880)
Em memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis inventa uma nova perspectiva narrativa ao criar um narrador que resolve contar a história de sua vida após morto.
O livro é lembrado também por criticar, através da ironia, os privilégios da elite da época. Outro marco do estilo de Machado de Assis é como ele se utiliza das figuras de linguagens para dar o tom da história, usando da ironia e do eufemismo para o leitor entender o sentido das coisas, sem necessariamente dar nome aos bois.
Um exemplo disso é a personagem Marcela, uma prostituta de luxo, por quem Bras se apaixona. Ela nunca é referida como tal, mas fica claro na maneira como o autor conduz a narrativa. O livro começa pelo dia da morte Bras e segue contando suas aventuras mundanas, de uma vida regada a farras e muito dinheiro.
Bras Cubas vive e morre gozando de todas as futilidades que ter nascido em berço de ouro lhe proporcionaram. Encheu seus “amores” de presentes, carros e estudou em uma universidade em Coimbra, obrigado pelo pai, mas nunca teve competência nem necessidade de trabalhar. Entre as várias tentativas de casamento e de seguir a vida política, no fim das contas, Bras acaba morrendo sem alcançar nada notável.
Não casou, não fez carreira pública, não teve filhos. Apenas viveu e morreu esbanjando a fortuna herdada dos pais.
4. Eu ouviria as piores notícias dos seu lindos lábios – Marçal Aquino (2005)
Um romance contemporâneo que se destaca pela forma da escrita. O livro conta por meio de uma narrativa poética e não linear, a história de Cauby, um jovem fotógrafo paulistano.
A história é narrada da perspectiva do protagonista, que resolve largar tudo e viver novas experiências no norte do país. Acaba se instalando no interior do Pará onde atua como fotógrafo para o único jornal da região. Cauby tromba com Lavínia, mulher do pastor da Cidade, por quem se apaixona instantaneamente.
Os dois vivem um romance intenso e conflitivo. O livro se destaca pelo desenvolvimento dos personagens, que possuem um perfil psicológico tão bem construído e compartilhado com o leitor, que cada ação tomada por eles se justifica. É um livro que se destaca na literatura contemporânea e apesar da sugestão do título, está longe de ser um romance clichê.
A forma como a narrativa dá saltos no tempo sem avisos, num primeiro momento podem confundir o leitor, mas ao longo dos capítulos a história flui e deixa de ser importante saber em que momento as coisas estão acontecendo.
O livro foi adaptado para o cinema em 2012 por Beto Brant e Renato Ciasca. O filme foi protagonizado pela Atriz camila Pitanga que interpreta a personagem Lavínia, paixão proibida de Cauby.
5. A bolsa amarela – Lygia Bonjuga (1976)
Esse talvez seja a maior surpresa da lista, por dois motivos: você não vai encontrá-lo nas listas de grandes clássicos e também por ser classificado como literatura infantojuvenil. Mas por que ele está aqui? A obra é narrada por uma menina que encontra em uma bolsa amarela o esconderijo perfeito para as suas três vontades que não param de crescer.
A vontade de ser menino, a vontade de ser grande e a vontade de crescer. A linguagem da autora é perfeitamente compreensível para o público ao qual é destinada, mas as discussões que surgem na narrativa por meio de metáforas infantis são bastante complexas. A protagonista entra em conflito consigo mesma e se vê obrigada a reprimir suas vontades por ser “julgada” pelos adultos que a rodeiam.
O livro questiona, entre outras coisas, a estrutura familiar tradicional em que a criança não pode expressar sua personalidade e vontades. Um dos destaques da história é a relação da protagonista com o próprio gênero.
No início do livro uma ela fala que gostaria de ter nascido menino, porque meninos podem e fazem coisas que meninas não podem. Mas ao longo da sua jornada com os amigos inventados por ela, a personagem entende que o problema não está em ser menina, que ser menina pode ser muito legal e que ela pode sim fazer o que ela quiser.
A primeira edição do livro é de 1976, mas a discussão que ele provoca é extremamente atual. É uma reflexão bastante profunda para uma criança, mas a leveza da escrita de Bonjuga faz com que tudo pareça fácil, leve e possível.
O que achou do nosso top 5?
E então, o que achou do nosso top 5? Gente, foi difícil escolher só cinco, a literatura brasileira tem um montão de livros incríveis, mas outra hora a gente fala mais sobre isso.
Boa leitura! 😀
Sempre digo que o jornalismo nasceu comigo. Desde pequeno sou curioso e investigativo, gosto de ir em busca da informação, de lutar pela verdade e de tornar a vida das pessoas melhor através das minhas palavras.